Não é sólido e nem tem corpo,
mas me enche de verdade.
Leve feito brisa me toma, sereno, toda noite.
Sua voz — de veludo e seda — me seda
e tenho sua silhueta meio fog, tênue e suficiente.
Assim é meu anjo meio gente!
Sempre aparece rindo — infalível contágio —
como dizer não?
Desarmo, desando, fico molinho...
Me derreto e arrisco no que o anjo quer.
Lembro Maria Helena e seu anjo-xícara,
tão frágil, tão preciso.
Leio Rilke e suas criaturas necessárias à alma.
Eu sempre invejei os possuídos
ou possuidores de seres inefáveis.
Hoje, envergonho-me da minha cobiça.
Precisava chegar a hora certa,
o meu anjo-fog não viria de véspera.
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