Invejo. Invejo a vida das abelhas. Num oco de árvore milhares delas vivem sem se esbarrar. Ocupam pouco espaço, trabalham incansáveis pela preservação da natureza, e não poluem nada. Tiram da natureza o essencial para sua vida curta: cento e vinte dias em média e nestes poucos dias polinizam milhares de flores, que darão frutos e sementes. Sementes que manterão sempre viva a floresta. Retiram sem danificar nada, pelo contrário é uma troca, retiram néctar e pólen e em troca fecundam as flores.
Numa proporção de tamanho e espaço, seria como se eu colocasse dez pessoas no meu quarto ou cem pessoas dentro de minha casa, usando a mesma cozinha, o mesmo banheiro. E seria uma coisa perfeitamente possível, visto que a gente ocupa muito mais espaço do que necessitamos. Mas para isso nós teríamos que ter a organização das abelhas... Dividir espaço de modo inteligente, dividir horários de modo eficaz. Cada um tomaria um banho de quatro minutos, gastaríamos muito menos água, muito menos energia (o normal do brasileiro e passar quarenta minutos debaixo do chuveiro) e o planeta com toda certeza agradeceria. Às vezes, pergunto a mim mesmo porque temos este hábito de ficar tanto tempo embaixo do chuveiro; sim é ótimo, mas não pensamos nas consequências. Será que nos sentimos tão sujos? Será que somos tão egoístas que, no fundo, queremos lavar nossa alma ambiciosa? O que nos leva a tamanha irresponsabilidade com a natureza que nos oferece água, ar e comida, sem nos cobrar nada? Enfim dúvidas, incertezas e divagações...
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