domingo, 5 de fevereiro de 2012

o dia do caçador

    Não é o colibri que passa apressado na minha casa,
    é o colibri que beija, sexualiza a flor batendo asa.
    Não é a poesia que sai de uma noite insone
    como que no desespero falasse seu nome.
    Não é a vida que se leva rasgada de muitos amores,
    é o amor regado de duas vidas ímpares e multicores.
    Não é a palavra certa após o ato falho,
    é o conjunto dos gestos que verbaliza o trabalho.
    Não é a estrutura perfeita que faz o verso
    é o subtexto que se descobre imerso
    nas entrelinhas de uma obra aberta.
    Não é a perseguição em lúcido desvario,
    não é a idéia brilhante em descoberta,
    mas a escuridão deflorada pelo desafio.

    Urhacy Faustino -  Poema do livo: "Sonhos e Confiscos", Blocos, 1997, RJ

Nenhum comentário: