quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Eu grito!

 

Eu teimo desde que nasci. E eu nasci preto, estrangulado pelo cordão umbilical, língua presa e, segundo minha avó Dita: eu nasci morto! Mas eu teimei e minha tia, também Benedita, e parteira me deu uns tapas na bunda e eu gritei. Eu grito! Eu aprendi a gritar desde o momento que apanhei pela primeira vez! E como eu gosto deste mundo! Tem dias que são tão negros, devastadores. Aqueles dias que a gente nem devia acordar para enfrentar tantos problemas, mas mesmo assim qualquer dia é um milagre, porque viver é poder observar os saguis no quintal, os pássaros voando; ouvir cigarras cantando, grasnados, grunhidos, latidos, miados, relinchos e ter desejo de pôneis cavalgando, nos campos que imagino. Eu tenho a força de mil cavalos apaches, no cio!

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