segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O circo dos horrores, claro!



Estava, numa noite chuvosa sem nada pra fazer, vendo televisão aberta, quando deparei-me com uma discussão sobre um projeto de lei: “Homofobia é crime”. Na discussão calorosa um travesti (que não citarei o nome para não incorrer no risco de ser acusado de homofóbico), gritava, em rede nacional, coisas do tipo: “prenda, ele me desrespeitou me chamou pelo meu antigo nome de homem, agora sou mulher, preciso ser respeitada, ele me constrangeu, prenda, juíza entra em cena e prenda, eu tenho direitos, prenda, ou saio do palco, prenda….” ela dava voz de prisão e fazia um show a parte, aproveitando ao máximo seus quinze minutos de fama. Entre os debatedores, pelo que percebii, existiam advogados, religiosos e partes interessadas, além da apresentadora. Um grupo em defesa, um grupo contra. Não percebi consistência em nenhuma das duas partes, porque até a fala dos advogados era pouco embasada na lei. A discussão descambava do foco principal: a discriminação, para um embolado de coisas que no mesmo pacote como: mudança de nome, travesti ser classe, quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha, enfim uma confusão de idéias, uma miscelânea danada, iscutiam tudo, até mudança de nome, o que para mim é algo absurdo: um homem nasce com hormônios diferentes da mulher, por mais que tome hormônios, que faça plástica; por mais que se sinta mulher, não vai gerar filhos (o mesmo com a mulher que quer ser homem); o legal dessa situação é a livre escolha da própria sexualidade, e não a mudança ou a permanência de sexo biológico. Este show de baixarias (teve até lésbica mostrando as partes genitais para provar que ela continuava mulher), me levou a pensar:
1 – não acredito nos benefícios de leis de segregação: lei para defender negros, lei para defender gays, lei para defender índio, lei para defender deficiente. Acredito em lei para defender SER HUMANO e ser humano é esta riqueza toda;
2 – ao criar uma lei que defende direitos de determinado grupo, estamos “sem querer querendo” é criando mais preconceitos. Porque se é necessário uma lei para defender um grupo estamos claramente afirmando que este grupo é de exceção e não está inserido no todo; por isto, inclusive, não defendo casamento gay, porque não é união, é segregação,. Defendo, sim, casamento entre dois seres humanos, principalmente para que sejam assegurados a eles os direitos patrimoniais de uma união estável, como qualquer outra;
3 – homofobia é crime, concordo, é preciso respeitar e conviver com a diversidade; porém, e o contrário? Agora, em nome da lei, pede-se que se prender qualquer pessoa que questione tal insólita situação (a esta altura, o mundo todo…)? E o direito alheio? Hoje todos são homofóbicos perigosos, assim como, em 1964, todos eram comunistas… E está instalada um novo tipo de ditadura (em vez de militar, sexual) no país, repressora e autoritária.
4 – leis de aparente ajuda a grupos estigmatizados não estarão estigmatizando mais esses grupos, principalmente ajudando a nutrir estereótipos que só cristalizam conceitos abstratos e esgarçam o humano que ainda existe em cada um de nós? Penso que quanto mais se fragmenta a realidade, mais se acaba por perder a visão do conjunto, a partilha de valores coletivos que deveriam ser patrimônio comum a todos;
5 – viajando na idéia um pouco mais além: se os bissexuais quiserem uma lei que garanta um casamento em trio? Por quê não? Como o nome diz, bissexuais têm namorado e namorada. Porém, se passar uma lei que garanta este tipo de casamento, como fica o adultério, que apesar de tudo ainda é crime, no casamento monogâmico? Afinal, se um bissexual pode ter um namorado e uma namorada, vai haver hetero inferiorizado e sentindo-se até discriminado por ter direito a apenas uma união… Como é que fica: retorna-se à poligamia?
6 - voltando ao programa de TV: se passa uma lei que libere mudança de nome, só porque um homem se sente mulher, ela abrirá precedentes para pleitear-se a alteração de nome por várias outras causas subjetivas, o que poderá acarretar inúmeros problemas legais de identidade. Ou seja: a lei ficará a mercê de caprichos meramente individuais e de fórum íntimo. Tudo vai ser possível…
7 – e, se assim é, já que todo mundo vai querer criar uma lei para alguma coisa, eu também, desde agora, lanço meu projeto de lei: SOU ET e tenho direitos inalienáveis de ET – e não venham me dizer que ET não tem direito só porque não é terráqueo, porque isto é descriminação. Absurdo? Não: se um travesti não tem que provar cientificamente que é mulher para ter seu nome trocado, eu também não precisarei provar que vim de Vênus para ser ET. Quero ser ET e pronto!!!! Juíza eu quero ser ET. Juíza prenda todos os que estão me constrangendo e duvidando de minha origem planetária. Juíza eu sou ET. Posso??? Dúvidas, incertezas e divagações.

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